O fio da lâmina é o coração de qualquer faca ou facão. Uma lâmina bem afiada corta com menos esforço, é mais segura e prolonga a vida útil da peça; já um fio maltratado compromete desempenho e pode até tornar o uso perigoso. Apesar disso, muitos usuários cometem erros comuns que aceleram o desgaste do fio. Conhecer e evitar esses equívocos faz toda a diferença — tanto para quem usa a faca no dia a dia quanto para profissionais, colecionadores e operacionais táticos.
A seguir, listamos os erros mais frequentes que desgastam o fio da lâmina e mostramos como preveni-los, com dicas práticas e técnicas testadas por cuteleiros experientes, como os da Zakharov Militares.
1. Usar a faca para tarefas para as quais ela não foi projetada
Um dos erros mais óbvios — e mais danosos — é empregar a faca como alavanca, chave de fenda, martelo ou serra improvisada. Lâminas não são madeiras de obra: torções laterais, impactos e usos de alavanca geram microtraumas no fio e no corpo da lâmina, provocando lascas e empenamentos.
O que fazer: use a ferramenta correta para cada tarefa. Se precisar cortar metal, abrir latas, ou martelar, empregue ferramentas específicas. Para separar lenha, utilize batoning com um facão apropriado e técnicas corretas — não force uma faca de cozinha ou de porte tático.
2. Cortar sobre superfícies inadequadas
Cortar sobre concreto, pedra, cerâmica ou até mesmo ossos duros é terrível para o fio. Essas superfícies destroem o bisel e produzem lascas. Mesmo tábuas de corte muito duras ou joelhos de metal podem ser abrasivos.
O que fazer: prefira superfícies macias e apropriadas para corte — tábuas de madeira macia, polímeros próprios ou cortadores/facas específicas. Em campo, use troncos ou tábuas, evitando contato direto com pedras e superfícies lapidadas.
3. Arremessar a faca ou expô-la a impactos repetidos
Arremessar lâminas (se não for uma faca projetada para arremesso) e deixá-las sofrer impactos repetidos reduz drasticamente a integridade do fio. Cada choque gera microfissuras que, acumuladas, levam à fratura.
O que fazer: evite arremessos não intencionais. Se praticar arremesso, use facas específicas para essa finalidade e mantenha a manutenção mais frequente.
4. Afiação errada: ângulo inconsistente e uso de ferramentas inadequadas
Afiar parece simples, mas é uma arte técnica. Afiações com ângulo errado (muito aberto ou muito fechado) degradam o fio rapidamente. Afiar com lixas ou pedras impróprias e aplicar força excessiva também remove material demais e reduz a vida útil.
O que fazer: conheça o ângulo ideal da sua faca (geralmente entre 15° e 25°, dependendo do tipo) e use pedras, guiadores ou afiadores de qualidade. A técnica correta — movimentos uniformes e alternados — preserva o bisel e cria um fio duradouro.
5. Negligenciar a finalização (stropping)
Muitos param na pedra de grão médio e acreditam que está “ok”. Mas terminar com uma pedra fina ou um strop de couro remove rebarbas microscópicas e poliu o fio. Pular essa etapa deixa o fio frágil.
O que fazer: finalize com pedra de grão fino e, se possível, passe em lona ou couro com pasta de polimento (stropping). Isso prolonga a performance e a sensação de corte “suave”.
6. Limpeza e armazenamento inadequados
Deixar resíduos orgânicos (sangue, suco de alimentos) secarem na lâmina, ou guardar facas úmidas em bainhas sem ventilação, acelera a corrosão. Corrosão crônica come o fio e exige remoção de material em afiações subsequentes.
O que fazer: limpe e seque a lâmina imediatamente após o uso. Aplique uma camada fina de óleo protetor em aço carbono. Armazene em local seco e use bainhas adequadas, preferindo Kydex para armazenamento de longo prazo em ambientes úmidos.
7. Uso de afiadores elétricos sem técnica
Afiadores elétricos baratos podem fazer o serviço rápido, mas removem muito metal se mal utilizados e podem aquecer a lâmina, alterando o tratamento térmico.
O que fazer: prefira pedras manuais para afiações precisas. Se usar afiador elétrico, faça passes leves e curtos, e evite aquecer excessivamente. Use água ou lubrificante quando indicado.
8. Negligenciar inspeções regulares
Pequenas lascas, microfissuras e desalinhamentos são fáceis de corrigir se detectados cedo; abandonados, evoluem para problemas maiores que requerem rebaixo do fio.
O que fazer: inspecione a lâmina regularmente, reponha pequenas imperfeições com pedra de grão fino e realize manutenção preventiva.
Proteger o fio da sua faca é uma combinação de uso correto, manutenção adequada e armazenamento inteligente. Evitar os erros citados — usar a ferramenta corretamente, escolher superfícies de corte apropriadas, afiar com técnica, finalizar o fio, limpar e lubrificar — garante que sua lâmina mantenha o desempenho e a segurança por muito mais tempo.
Na Zakharov Militares, a tradição e o cuidado na forja se completam com instruções de manutenção para cada peça. Uma faca bem cuidada não só vive mais, como devolve confiança a cada corte. Cuide do fio como cuidaria de uma ferramenta preciosa — porque, de fato, ele é.

